Viagens de aventura em família: 4Overlanders (entrevista)

Nome: Ana Almeida / Mário Chan

Profissão: Fisioterapeuta / Professor de música, fotógrafo e videógrafo

Local de residência: Charneca da Caparica

Blog: 4Overlanders

1. Porque é que decidiram criar um blog de viagens?

Ana: Enquanto casal sempre gostámos de fazer atividades outdoor (montanhismo, alpinismo, viagens todo-terreno, etc.), de viajar em autonomia e de acampar, e quando engravidei começámos logo a ouvir que teríamos de deixar de fazer as nossas aventuras, que as viagens iam diminuir e que era melhor esquecermos as montanhas. Ficámos um pouco apreensivos! Do grupo de amigos que nos acompanhavam nas nossas aventuras, éramos os primeiros a ser pais, por isso não tínhamos exemplos à nossa volta. Mas nas nossas conversas enquanto casal, dizíamos um ao outro que não fazia sentido, que poderíamos continuar a realizar aquilo que mais gostamos, claro que iriam ser precisas adaptações, mas iríamos conseguir. O Mário é quem fazia estas aventuras há mais tempo, e para ele era mesmo um sonho poder continuar a fazê-lo com os filhos.

Desta forma, o Miguel nasceu e nós mostrámos que realmente era possível continuar. O Miguel sempre nos acompanhou nas nossas aventuras e viagens. Quando ele tinha cinco meses fomos de carro até à Croácia e Eslovénia, ele subiu connosco até aos 2mil metros nos Alpes Eslovenos, com 1 ano fomos no nosso carro a Marrocos, e continuámos a fazer os nossos passeios todo-terreno sempre com campismo à mistura e com o nosso filho connosco.

Isto tudo para dizer que sentimos que as partilhas das nossas viagens e das nossas aventuras em família poderiam ser úteis a outros pais, para mostrar que é possível continuarmos a fazer aquilo de que gostamos na companhia dos nossos filhos.

2. O que é que podemos encontrar no vosso blog?

Ana: O nosso blog ao longo dos tempos já sofreu algumas alterações. Inicialmente era apenas um relato das nossas viagens, escrito por mim, depois começámos a colocar também alguns artigos mais direcionados para o equipamento que usamos por causa dos miúdos, uma vez que as atividades outdoor exigem a utilização de equipamentos bastante específicos; é sempre bom encontrarmos feedback dos mesmos, e na nossa língua havia muito pouco. O Mário tinha um blog bastante mais antigo, onde escrevia sobre as viagens dele e fazia análises ao equipamento fotográfico que usava. Assim, começou a fazer sentido nas nossas cabeças juntarmos um pouco os dois blogs, porque achámos que as informações estavam separadas mas se completavam. Neste momento, além dos relatos das nossas aventuras, escrevemos também análises ao equipamento que usamos. Alterámos o nome para 4Overlanders, dado que somos 4, escrevemos os dois, e temos ligação para o blog antigo do Mário para coisas mais antigas mas ainda relevantes que ele lá tem.

3. Têm preferência especial por algum dos vossos posts? Porquê?

Somos suspeitos, claro, mas o facto de termos vídeos aliados aos nossos posts torna-os mais atrativos, mais completos e muito especiais. O nosso post preferido é sobre a viagem que mais nos marcou, escrever sobre aquela aventura é sempre muito bom e rever aquele vídeo dá sempre borboletas na barriga.

4. Qual é a razão principal que vos leva a viajar?

Ana: Para mim, saber que existe mundo lá fora e eu não o conhecer dá-me vontade de ir já embora. Gosto de conhecer locais novos, gosto de explorar novas culturas, gosto de sentir como as outras pessoas vivem, gosto de explorar a natureza. Neste momento, o facto de ser mãe e de não ter viajado nada enquanto nova, faz com que queira muito que os meus filhos possam ter esta experiência, maravilhosa, na vida deles. Costumo dizer que um dos meus maiores objetivos é “dar o mundo aos meus filhos”.

Mário: Antes de ter filhos, o que me levava a viajar era a procura de experiências com o máximo contacto com a natureza. Quanto mais distante da civilização e mais autónoma a forma de viajar, mais me estimulava a viagem. Depois de ter filhos continuei a manter o mesmo gosto e a procura do contacto com a natureza, mas agora com o grande objetivo de mostrar aos meus mais pequenos o quão maravilhoso é viver em contacto com a natureza.

5. Qual foi a viagem que mais vos marcou até hoje? Porquê?

Ana: Nesta acho que posso falar pelos dois, a viagem que mais nos marcou até hoje foi sem dúvida “a Islândia de bicicleta”. Foi uma viagem em que saímos da nossa zona de conforto, a primeira grande viagem de bicicleta em família, num destino aonde queríamos muito ir, que nos preenche a vários níveis (amantes de natureza entenderão o que quero dizer), uma viagem em que nos redescobrimos um pouco e em que descobrimos uma forma de viajar que se encaixa perfeitamente na nossa forma de estar na vida.

6. Já tiveram alguma má experiência em viagem?

Até hoje nunca tivemos uma desilusão, roubo, avaria grave nos carros, perdas de bagagem… por isso, acho que a única má experiência foram dois pequenos sustos de saúde (ambos com o Miguel), mas que se resolveram e que acabaram bem. Mas serão sempre dois pontos negativos e que serão recordados, claro.

7. O que é que sentem quando voltam a casa depois de uma viagem?

Ana: Gosto bastante de tirar sempre três semanas seguidas, porque gosto de sentir que saímos mesmo da rotina, que temos tempo para esquecer a casa. Como viajamos muito de carro, aqueles dois dias finais, para o regresso, odeio, venho super irritada, e se por um lado já só quero é chegar, na verdade aquilo que eu menos queria era estar a voltar. Sabe bem entrar em casa, regressar ao nosso ninho, mas não sabe bem voltar às rotinas, ao tempo contado, à realidade. Adoro rever fotos das viagens nos dias logo a seguir, gosto se falar sobre o que fizemos, para reviver um pouco da viagem. Sinto sempre uma enorme alegria de mais um local que conhecemos, de mais um aventura que vivemos juntos, dos momentos que criámos em família e das aprendizagens que cada um de nós trouxe.

Mário: Sinto que soube a pouco. Que se pudesse continuaria a viagem sem data para regressar. Em vez de a viagem ter um início e um fim, a vida seria ela própria a viagem.

8. Excluindo Portugal, qual é o lugar onde mais gostariam de viver?

Ana: Sou muito apegada aqui ao nosso cantinho. Gosto de ir mas gosto de voltar… Sair do nosso cantinho nunca fez parte dos meus objetivos. Mas acho que se tivesse de escolher um local para viver, sem ser em Portugal, a Austrália seria a minha escolha.

Mário: Já pensei muitas vezes em como seria viver noutros países e certamente gostaria muito de ter essa experiência. Mas no fim de contas sei que passado um tempo iria querer mudar outra vez. Acho que o lugar onde mais gostava de viver era na minha casa nómada, seja um carro ou uma bicicleta.

9. Qual é o papel que acham que os blogs desempenham para outras pessoas que gostam de viajar?

Há vários tipos de blogs, mas falando por nós também como consumidores de blogs, são bastante importantes para ler as opiniões das pessoas sobre os locais que estamos a pensar visitar e para ajudar com algumas informações relevantes dos mesmos. Estas informações também estão noutros locais da internet, mas penso que os blogs são mais descritivos e mais realistas, mais verdadeiros.

Por outro lado, pode ajudar até a escolher o destino da próxima viagem, podemos estar a ler o blog de alguém que seguimos com assiduidade e descobrir que gostávamos de ir a determinado local porque eles foram, estão a partilhar e nós estamos a gostar imenso do que estamos a ler.

São fontes de informação e de inspiração para as pessoas que gostam de viajar.

10. Qual é o vosso maior sonho de viagem ainda por cumprir?

Ana: Já viajámos de carro, de avião, de barco, de bicicleta, já subimos montanhas com os miúdos, já dormimos no deserto com eles, já acampámos ao relento na praia, já acampámos com trovoada, já visitámos cidades europeias importantes e já visitámos aldeias de nómadas em Marrocos, já fizemos coisas bastante variadas e somos gratos por termos conseguido realizá-las a todas, sem exceção. Mas, falando pelos dois, gostávamos imenso de viajar a tempo inteiro com os miúdos. Acho que é aquilo que nos move neste momento. Ter essa experiência deve ser incrível. Vamos tentar concretizá-la, talvez um dia. Mas viajar sem ter timings, sem ter os dias contados, podermos “perder-nos” num país os dias que quisermos, termos tempo para percorrer a costa africana por exemplo ou para podermos explorar a Austrália… nem sei explicar o que seria para nós (tenho os olhos a brilhar neste momento, só de pensar…).

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Ana C. Borges
Ana C. Borges

Gosta de passeios longos e conversas intermináveis, de ver o que ainda não conhece e rever os lugares do coração. Fotografa para memória futura. Escreve porque lhe sabem bem as palavras. Viaja por paixão – e porque o mundo é demasiado grande para ficarmos quietos. É autora do blogue Viajar porque sim.

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