À procura de novas perspetivas: Susana Sousa Ribeiro (entrevista)

Nome: Susana Sousa Ribeiro

Profissão: Content Creator

Local de residência: Lisboa

Blog: acachopa.com

1. Porque é que decidiste criar um blog de viagens?

Comecei a ter blog em 2008, quando tinha 15 anos. Mas funcionava mais como um diário online. Na altura não viajava, nem por Portugal. Só em 2014 é que comecei a fazer algumas escapadinhas em Portugal e Espanha e partilhava alguns desses locais nas redes sociais. Como era algo de que eu gostava e despertou o interesse de algumas pessoas, que me pediam informações, comecei a fazer publicações no blog e, desde 2018, o blog passou a ter o foco nas viagens e passeios. Sempre foi algo que me apaixonou, embora só tenha começado a viajar muito tarde.

2. O que é que podemos encontrar no teu blog?

Podem encontrar um bocadinho de tudo aquilo que me apaixona, desde roteiros, dicas, tradições e lendas que fazem parte da herança cultural dos locais, histórias de viagens, histórias de pessoas que encontro durante viagens e até algumas reflexões sobre alguns aspectos ligados a esse universo, como a acessibilidade, a sustentabilidade e a consciência social. É um espaço de partilha a vários níveis.

3. Tens preferência especial por algum dos teus posts? Porquê?

Para mim é difícil escolher um favorito, porque todos foram publicados por um motivo. Mas gosto especialmente daqueles que contam com o contributo de outras pessoas. Para mim, é muito importante essa partilha de ideias e valores. Então posso destacar a categoria do blog sobre Pessoas, é onde partilho as histórias das pessoas com quem me cruzo durante as viagens e para mim é um espaço incrível, por dar a conhecer vidas completamente diferentes, como a Maria Emília que encontrou a felicidade enquanto pastora. Mas também algumas reflexões, como o artigo Acessibilidade: Como é viajar com uma cadeira de rodas, porque considero que é extremamente importante chamar a atenção para esses temas, assim como o Queridos viajantes, parem de tirar fotos de pessoas como se fossem atrações turísticas. São temas que geram algum debate – especialmente nas redes sociais – e as trocas de ideias são maravilhosas. Por esse motivo, acabo por ter alguma preferência por estes temas, comparativamente aos roteiros de viagem.

4. Qual é a razão principal que te leva a viajar?

Eu não tenho um motivo único para viajar. Não tenho o sonho de visitar todos os países do mundo – não que não gostasse, mas não faço disso bandeira – de visitar os locais mais desconhecidos do planeta ou os mais populares. Não tenho esse objetivo definido. Viajo porque há muito mundo para descobrir, muitas histórias para conhecer… Nasci numa aldeia muito pequena, as pessoas eram poucas e o movimento menos ainda, cresci num ambiente muito tradicional, então, viajar é descobrir o mundo para além daquele onde nasci. Outras formas de viver, de pensar… Viajar dá-nos novas perspectivas e ensina-nos o respeito por aquilo que é diferente. Acredito firmemente que viajar faz de nós pessoas melhores. E talvez seja esse o principal motivo para o fazer.

5. Qual é o meio de transporte que preferes para viajar?

Essa é a típica pergunta onde a resposta é um democrático “depende”. Mas a verdade é mesmo essa. Geralmente, quando chego a uma cidade nova gosto de a explorar a pé. Fazer 20 ou 30 quilómetros a pé por dia é a definição perfeita de um dia em viagem. Para mim, é o que faz sentido, não tenho particular interesse em saltar de atração para atração sem caminhar pelas ruas secundárias. Gosto, realmente, de palmilhar a cidade quase de lés a lés. Porém, adoro road trips. Ir de cidade em cidade ao nosso ritmo, parar sempre que nos apetecer, não ter hora para chegar ou para partir. A liberdade é imensa, especialmente quando queremos visitar aldeias ou destinos distantes que não são servidos por uma boa rede de transportes. Mas em locais mais movimentados, o comboio é uma tranquilidade. Sem perder tempo no trânsito, fazer uma viagem tranquila a ver as paisagens a passar… quando possível é a minha escolha de eleição. O avião é, claro, a opção mais rápida. Gostava de usar menos o avião, mas para quem deseja aproveitar todos os momentos possíveis para viajar, acaba por ser a opção mais fácil. Há muito mundo para descobrir para o pouco tempo que temos.

6. Há algum destino (ou destinos) que não queiras mesmo visitar? Porquê?

Não existe nenhum local que não queira visitar de todo. No entanto, existem locais que não coloco na minha lista a curto prazo. Existem diversos locais que eu gostaria de visitar, mas sei que, pelo menos no momento, não são uma boa opção. Seja pela situação que se vive no local, seja por não me sentir preparada para lidar com determinadas realidades. O choque de realidade nem sempre é fácil e é preciso estar consciente daquilo que somos ou não capazes de enfrentar. No entanto, não existe nenhum local que eu realmente não queira visitar de todo.

7. Costumas tentar aprender algumas palavras na língua do sítio para onde vais viajar?

Sim, para mim faz muito sentido. Mesmo que seja apenas um Olá e um Obrigada. É uma forma de nos aproximarmos dos habitantes locais e de vivenciar um pouco mais de perto o local onde estamos. O mesmo acontece com experimentar alguns pratos ou adotar alguns dos hábitos do local. Diz-se que “em Roma, sê romano” e, de alguma forma, estas pequenas coisas fazem com que o sejamos (um bocadinho, pelo menos).

8. Qual é a tua memória mais antiga de viagem?

É curioso, porque eu nunca viajei em criança. Os meus pais nunca saíram do país, nunca fomos de férias e quase nunca saíamos da nossa cidade. A minha mãe ainda hoje fala do que lhe custou fazer a viagem até Fátima (já passaram 26 anos). Então, viajar não é algo que faça parte das minhas memórias. Não era um dado adquirido. Muito pelo contrário. Foi já depois da universidade que fiz a minha primeira road trip de dois dias em Espanha. Embora fosse uma viagem curta, foi a primeira vez que realmente me senti “em viagem”.

9. Qual é o papel que achas que os blogs desempenham para outras pessoas que gostam de viajar?

Os blogs continuam a ser uma importante fonte de informação e, também, de inspiração. São locais de partilha e espaços maravilhosos para descobrir mais sobre as experiências de viagens de quem os escreve. O espírito de comunidade também é extremamente importante nos blogs. Além disso, e falando do ponto de vista de quem tem um blog, são locais essenciais para influenciar de forma positiva os outros, chamar a atenção para as boas e más práticas durante as viagens, incentivar a reflexão e despertar a consciência para alguns temas sobre os quais nem sempre pensamos.

10. Qual é o teu maior sonho de viagem ainda por cumprir?

Tenho muitos sonhos por cumprir. Muitos mesmo. Um deles é passar uns dois meses a descobrir Itália. Acho um país incrível, com tanto para oferecer que não consigo escolher apenas duas ou três cidades. Gostava mesmo de ter tempo suficiente para o percorrer de lés a lés. Também adorava fazer uma road trip pelos EUA. Não há como evitar que, depois de tantos filmes e séries, os EUA façam parte do nosso imaginário e seria um verdadeiro sonho poder descobrir o país com calma.

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Ana C. Borges
Ana C. Borges

Gosta de passeios longos e conversas intermináveis, de ver o que ainda não conhece e rever os lugares do coração. Fotografa para memória futura. Escreve porque lhe sabem bem as palavras. Viaja por paixão – e porque o mundo é demasiado grande para ficarmos quietos. É autora do blogue Viajar porque sim.

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