Nome: Inês Fernandes e Christian Oliveira
Profissão: Blogger de viagens (Inês) e Consultor SEO (Chris)
Local de residência: Não temos um lugar fixo de residência desde 2016 mas onde costumamos passar mais tempo deste lado do mundo é em Lisboa e na Galiza (onde temos a família), em Madrid (onde vivemos mais de uma década e temos família eleita) e em Fuerteventura (a ilha canária que nos roubou o coração e onde tentamos passar vários meses por ano).
Blog: RandomTrip
1. Porque é que decidiram criar um blog de viagens?
Quando, em 2016, decidimos despedir-nos dos nossos trabalhos nas respetivas empresas em Madrid para passar um ano a viajar, sabíamos que queríamos ir contando as nossas aventuras à família (biológica e afetiva) e a quem nos quisesse ler. O que não imaginávamos era que entretanto esse ano se transformasse numa vida viajante e nos lessem bastantes mais pessoas do que a nossa família…
2. O que é que podemos encontrar no vosso blog?
Atualmente o Randomtrip é um blog de viagens cujo foco é criar guias muito completos e detalhados sobre os destinos que visitamos. Basicamente criamos os guias de viagens que nós gostávamos que existissem antes de ir a um destino, com “tudo mastigadinho”: a melhor época para ir, todos os pontos a visitar, roteiros para várias durações de viagem, a melhor zona para ficar, como chegar a tal sítio, etc.
3. Têm preferência especial por algum dos vossos posts? Porquê?
Talvez pelo nosso Guia das Ilhas Galápagos, porque é um dos nossos destinos preferidos do Mundo (e nota-se ao lê-lo), e pelos nossos Guias dos Açores, porque pensamos que fizemos um bom trabalho ao transmitir a heterogeneidade e beleza do paraíso açoriano, também um dos nossos destinos prediletos, onde sempre queremos regressar.
4. Qual é a razão principal que vos leva a viajar?
A principal razão, provavelmente subjacente a todas as pessoas por trás de um blog de viagens, é a curiosidade. Somos pessoas muito curiosas por outras pessoas, culturas, paisagens que existem no mundo. Para além disso, ambos adoramos animais; como tal, ter a oportunidade de conhecer fauna no seu habitat, em liberdade, de forma responsável, faz parte cada vez mais das nossas prioridades. A outra razão, não só para viajar mas por fazer da viagem o nosso modus vivendi, é que somos pessoas pouco fãs de rotina, muito fãs de aventura e com cada vez mais tolerância à incerteza e a alguns dias de desconforto (essencial para este tipo de vida).
5. Na hora de escolher um destino de viagem, o que é que mais vos influencia?
Inicialmente as escolhas eram feitas com base no que mais vontade tínhamos de conhecer, tenho em conta o nosso orçamento para essa viagem. Atualmente, dado que o blog está mais profissionalizado, entra também a variável da procura do destino, tentando sempre equilibrar nas nossas viagens, dentro do país que queremos conhecer, os lugares mais procurados desse destino, com lugares mais fora de rota. Como comentávamos anteriormente, a nossa crescente paixão por ver animais em liberdade também tem condicionado as nossas escolhas. Por exemplo, um dos motivos para escolher o México como destino para a última grande viagem que fizemos, percorrendo vários estados do país durante 6 meses, teve como uma das motivações observar vários tipos de baleias (jubarte, cinzentas, azuis) na Baja California Sur.
6. Viajam com tudo programado, ou preferem ir à aventura?
Como o próprio nome do blog indica, ambos temos a convicção que em qualquer viagem, e na vida no geral, há que deixar espaço para a improvisação, para o aleatório que possa surgir (o random), já que passados vários anos, o que mais recordamos não é o imprescindível daquele destino, mas o que nasceu nas margens dessa experiência, os encontros, as conversas, as aventuras. Também temos a convicção de que para aproveitar melhor o tempo em viagem (e a vida, no geral) e fazer os guias mais completos possível tem de haver uma organização, e temos as nossas “listas”, claro. Mas tentamos que nunca seja algo muito rígido e, sobretudo, disfrutando do grande privilégio que temos que é o tempo. Não gostamos de conhecer nada a correr. Preferimos ver menos mas ver melhor.
7. Qual foi o primeiro sítio fora de Portugal que visitaram?
A nossa primeira grande viagem juntos foi ao Sri Lanka em 2014 (uns meses depois de nos termos conhecido) e foi um ponto de viragem. Nessa viagem alugámos um tuk tuk para explorar o país (algo que quase nenhum turista fazia há 10 anos), suscitámos muita curiosidade na população local (que olhavam incrédulos para dois turistas – e por vezes uma mulher! – a conduzir um tuk tuk) e conhecemos os famosos “nómadas digitais”, pessoal que andava a viajar pelo mundo com o portátil às costas. Já não voltámos os mesmos. Em menos de dois anos, estávamos nós a “dar o salto” e a despedir-nos de Madrid.
8. O que é que as viagens já vos ensinaram?
A valorizar o privilégio que é viajar. Primeiro, ter tido a sorte (a aleatoriedade) de ter nascido num canto do mundo onde reina a paz, e ter tempo e meios para conseguir empreender uma viagem. Também a estar constantemente em modo “aprendizagem” (antes, durante, e depois da viagem), já que numa viagem aprendemos muito sobre história(s), cultura(s), natureza e biodiversidade, sustentabilidade, até sobre nós próprios, claro. Esta aprendizagem também nos faz ser mais conscientes da nossa pequenez e, ao mesmo tempo, do grande impacto que podemos ter coletivamente, para o bem e para o mal. Por exemplo, o impacto negativo que o turismo em massa pode ter em determinados destinos.
Viajar também nos ajudou a atrevermo-nos mais, a experimentar cada vez mais coisas novas e superar medos. Se nos dissessem que iríamos embarcar em determinadas experiências há uns anos, iria ser difícil acreditar! Por outro lado, a valorizar mais o tempo e as experiências em detrimento do material: quando sabes que tudo o que necessitas para vários meses entra em duas mochilas (uma grande e uma pequena), percebes a quantidade de coisas supérfluas que antes consideravas essenciais.
A um nível mais pessoal, viajar ajudou-nos sem dúvida a melhorar não só individualmente, por todas as questões que referimos, mas também a melhorar como casal. As viagens, sobretudo as viagens mais longas, podem ser muito desafiantes. Falha o conforto ao mesmo tempo que temos de tomar decisões constantemente. Felizmente, temos uma solução “mágica” que nos ajuda e que faz parte do nome e da identidade do nosso blog: o nosso dado, chamado “Dadondevamos”, que decide por nós quando não estamos 100% de acordo ou não temos claros os próximos passos.
9. Qual é o papel que acham que os blogs desempenham para outras pessoas que gostam de viajar?
Depende muito do estilo do blog de viagem mas, de uma forma geral, facilitam a organização de uma viagem, inspiram na escolha de destinos, ajudam a perder medos (ter informação é crucial neste sentido). No caso específico do Randomtrip, criamos os guias que gostaríamos de ter lido antes de viajar para o destino, e durante a viagem.
10. Qual é o vosso maior sonho de viagem ainda por cumprir?
Ui, tantos! Adoraríamos passar vários meses a explorar o continente africano, fazer uma viagem longa por terras australianas e neozelandesas e até algum dia, quem sabe, chegar até à Antártida.