O desafio de conhecer novas culturas: Ângela Santos (entrevista)

Nome: Ângela Santos

Profissão: Urbanista / Fotógrafa

Local de residência: Peniche

Blog: Blonde Around The World Travel

1. Porque é que decidiste criar um blog de viagens?

Tudo começou no regresso da viagem que fiz à Índia, em março de 2020. Tinha acabado de chegar e estávamos confinados por causa da pandemia. Comecei a colocar em perspetiva a viagem que tinha acabado de fazer: sozinha na Índia durante 2 semanas, num contexto muito peculiar, dado já não haver por lá muitos viajantes internacionais.

Tive a sorte de ver uma Índia diferente, sem pressão turística internacional e enquanto mulher a viajar no país por conta própria. Foi nesse momento que decidi que não podia guardar só para mim as aventuras que vivi por lá.

Juntando a essa aventura outras tantas, percebi que tinha imenso material (e algum potencial) para criar uma plataforma que expusesse não só os registos fotográficos, mas que contasse as estórias e inspirasse outros a aventurarem-se em destinos inusitados.

2. O que é que podemos encontrar no teu blog?

Essencialmente relatos/crónicas de viagem (o chamado storytelling), já que o objetivo do blog é essencialmente desmistificar destinos cuja reputação não é espetacular. Esses relatos focam-se principalmente nas experiências em viagem, no contacto com os povos e naquilo que podem encontrar se decidirem embarcar numa viagem idêntica. Claro que, no meio das peripécias, vão encontrar bastante informação útil, que podem ter como referência numa futura ida ao país.

Ainda que não sendo para mim prioridade criar guias ou roteiros, podem encontrar no blog alguns posts dedicados ao assunto.

No entanto, aquilo que gostava mesmo de passar para quem lê o blog é a experiência de viagem em locais que não constam na lista de desejos da maioria dos viajantes.

3. Tens preferência especial por algum dos teus posts? Porquê?

Não consigo escolher só um. Posso referir o post sobre Varanasi, na Índia, por ter sido aquele que mais demorei a escrever, já que assimilar e tentar explicar tudo o que vi e vivi no local me foi bastante difícil. E o post no qual faço o relato da viagem à Síria, por ter sido uma viagem emocionalmente bastante exigente e por querer ser justa na descrição do que vi. Quis focar-me essencialmente no povo e na sua capacidade de sobrevivência, num cenário pós conflito.

4. Qual é a razão principal que te leva a viajar?

O desafio de conhecer novas culturas e de quebrar os mitos e estigmas que todos temos sobre alguns destinos. Sinto que viajar me torna melhor pessoa (pelo menos gosto de pensar que sim), mais humana e empática.

5. Qual foi o primeiro sítio fora de Portugal que visitaste?

Por minha conta e risco, isto é, sem a família, foi a Itália. Tinha uns 18 ou 19 anos, inscrevi-me num intercâmbio com jovens de toda a Europa e fui umas semanas explorar a região oeste do país, a sul de Roma.

6. Gostavas de ser nómada digital?

Adorava! Gostava de ter liberdade para explorar tranquilamente os destinos, para absorver a sua essência. Basicamente, liberdade de tempo. Ter a possibilidade de viver uns meses em cada país, porque julgo que só assim experienciamos efetivamente o local/país e temos possibilidade de ficar com um vislumbre do que será viver em determinadas culturas.

7. O que é que pensas sobre ecoturismo e turismo responsável?

Julgo que são conceitos complementares. Ecoturismo, como o próprio nome indica, é o turismo com preocupações essencialmente ambientais, que se foca em colocar em prática iniciativas de preservação dos recursos naturais.

O turismo responsável, na minha opinião, é um conceito muito mais lato, que integra o ecoturismo. O turismo responsável deve focar-se também nas comunidades e no impacto que temos sobre as mesmas, quando as visitamos. Além disso, o turismo responsável acrescenta a ponderação com o lado humano das viagens.

8. Preferes viajar a solo ou em grupo?

Tudo depende das circunstâncias, mas para ser honesta, adoro viajar sozinha. Permite-me gerir o meu tempo, explorar os destinos ao meu ritmo, conversar e interagir com as pessoas. Quando viajamos acompanhados, tendencialmente, focamo-nos em quem vai connosco e não nos permitimos conhecer estranhos, perdendo assim uma oportunidade de interagir com os locais. Como fotógrafa, quando viajo com outras pessoas, reconheço que muitas vezes não passo mais tempo a fotografar num determinado lugar para não ser cansativo para os outros.

9. Qual é o papel que achas que os blogs desempenham para outras pessoas que gostam de viajar?

Se fizermos uma análise muito generalista sobre o assunto, são uma grande fonte de informação para quem quer viajar. A maioria dos conteúdos são informativos e as pessoas procuram principalmente dicas e roteiros para organizarem as suas próprias viagens.

Depois temos também aqueles que buscam inspiração e que gostam de ler relatos de viagem que os transportam para os locais que sonham visitar.

Além disso, os blogs permitem que os seus leitores assíduos sintam que fazem parte de uma comunidade, que viajam com quem escreve os artigos.

10. Qual é o teu maior sonho de viagem ainda por cumprir?

Fazer uma expedição à Antártida. Sou fã de ambientes extremos e de ver natureza intacta. E o meu animal preferido é o pinguim. Seria uma viagem “tudo incluído”!

Partilhar
Ana C. Borges
Ana C. Borges

Gosta de passeios longos e conversas intermináveis, de ver o que ainda não conhece e rever os lugares do coração. Fotografa para memória futura. Escreve porque lhe sabem bem as palavras. Viaja por paixão – e porque o mundo é demasiado grande para ficarmos quietos. É autora do blogue Viajar porque sim.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Procurar