Paladino do Portugal profundo: Pedro Henriques (entrevista)

Amante da natureza, do mundo rural e do Portugal pouco turístico, o Pedro Henriques procura conciliar o seu papel de viajante/blogger com o de pai/educador. De aventureiro a solo a viajante em família, a mudança foi-se sentindo no seu blog.

A paixão pelas viagens e a preocupação com um turismo sustentável, contudo, mantêm-se. Porque «a Terra não é uma herança de nossos pais, mas um empréstimo dos nossos filhos».

Nome: Pedro Henriques

Profissão: Técnico superior (função pública)

Data de nascimento: 1979

Local de nascimento: Cabeceiras de Basto

Local de residência: Braga

Próximas viagens: nada planeado a curto prazo

Blog:  Espírito Viajante

1. O que significam as viagens para si?

Para mim viajar é um exercício de aprendizagem e humildade. Aprendizagem porque absorvo culturas diferentes e porque aperfeiçoo o auto-conhecimento, ao sair da minha zona de conforto. 

Humildade porque perante realidades diferentes, onde presencio a falta de condições básicas de vida, percebo que sou um privilegiado. Tenho liberdade, um emprego, um teto, não passo fome e vivo com conforto. Isso é apenas uma miragem para uma boa parte das pessoas deste mundo.

Na Serra do Gerês

2. Entre os destinos que já visitou, há algum que o tenha marcado de forma especial? Conte-nos.

Todos os destinos me marcaram de uma forma ou outra e, felizmente, não tenho más recordações de nenhum. Obviamente, já passei por algumas situações complicadas, mas improvisar e desenrascar também faz parte das viagens.

Se tiver que destacar alguns destinos posso começar pelo Gerês, o lugar onde me sinto verdadeiramente feliz. Pirenéus, Istambul, Marraquexe e Sukhothai foram alguns dos destinos que também gostei bastante. Existem outros que visitei de forma breve, onde pretendo regressar para explorar com calma. É o caso da Bósnia e Herzegovina, Montenegro e, mais recentemente, a Albânia.

3. O que mais o influencia na hora de escolher um destino de viagem?

Atualmente escolho os destinos a pensar primeiro no meu filho: duração dos voos, escalas, segurança e cuidados de saúde. Portanto, num futuro próximo, não poderei planear viagens muito arrojadas.

De qualquer forma, tento escolher um destino que tenha histórias para contar, paisagens naturais relevantes e sítios classificados pela UNESCO.

4. Já viveu fora de Portugal mais que seis meses? Se sim, onde e o que retirou dessa experiência?

Infelizmente ainda não tive essa experiência. O máximo que estive longe do meu país foi perto de dois meses.

As lindas paisagens do Montenegro

5. Explique o que é o seu blog de viagens e a razão da sua existência.

O Espírito Viajante nasceu no final de 2013. Antes de criar o blog tive uma página no Facebook, que mantive durante alguns anos, onde partilhava fotos e uma pequena descrição das minhas viagens. Ao fim de algum tempo, deixou de fazer sentido. Depois de refletir e fazendo a vontade a alguns amigos, decidi avançar para o blog, onde posso divulgar as minhas experiências de uma forma mais dinâmica e onde é mais fácil aceder aos conteúdos.

No blog procuro mostrar um pouco do Portugal profundo e desconhecido, sobretudo o mundo rural. Adoro visitar as aldeias históricas do interior do país e saborear a sua gastronomia. Divulgo também atividades na natureza, como trilhos pedestres. Mas não me limito a esses temas, tenho artigos sobre destinos em vários pontos do mundo.

Ao longo do tempo o blog reinventou-se. Se, no início, era mais direcionado a viajantes a solo ou com amigos, hoje em dia, a prioridade é para os leitores que viajam com os seus filhos, tal como eu faço com o meu, que tem 3 anos de idade.

6. Como surgiu o nome do blog?

Bom, não foi fácil chegar ao Espírito Viajante. Posso dizer que já tinha o modelo concetual do blog montado e o nome só veio praticamente no fim. Apesar da demora, identifico-me plenamente com ele. Sem dúvida, tenho um espírito viajante. Todos os dias sou inundado com sonhos de viagens que gostaria de fazer. 

7. Destaque um dos posts de que mais gosta no seu blog e explique porquê.

No geral, gosto de todos os artigos, embora os últimos publicados tenham mais conteúdo. Penso que a qualidade da escrita evoluiu com o tempo. Dos cerca de 150 artigos que já publiquei no blog, existe um que considero especial sobre os Passadiços de Sistelo em Arcos de Valdevez. Graças a este artigo, o blog cresceu consideravelmente, ultrapassando as 40 mil visitas mensais.

Com o filho nas cascatas Kravice (Bósnia e Herzegovina)

8. Alguma dica para quem pretende começar agora um blog de viagens?

Se querem levar o projeto a sério, têm que se dedicar muito. Ser blogger de viagens dá muito trabalho e é preciso ser paciente. Desde a gestão das redes sociais, ao wordpress e SEO, mas sobretudo a escrita. Da minha experiência é o que mais custa. Digo sem qualquer problema que na maioria das vezes não me apetece escrever.

Tenho uma vida profissional e familiar que exige muito de mim e, no pouco tempo livre que tenho, nem sempre me apetece estar ligado à blogosfera. Mas já dediquei muitas horas ao Espírito Viajante. A minha motivação é o contínuo crescimento do blog e as palavras encorajadoras de leitores, que não me deixam desistir.

9. Que papel desempenham os blogs junto de outras pessoas que gostam de viajar?

Os blogs têm cada vez mais um papel de referência no mundo das viagens. Hoje em dia as pessoas têm mais facilidade em planear as suas próprias viagens e os blogs servem frequentemente como fontes inspiradoras. São os relatos pessoais dos bloggers que acabam por incutir mais confiança nos leitores.

Por outro lado, com o estatuto que os blogs têm ganho, acabam por ter mais responsabilidade. Temos o dever de partilhar as nossas experiências sempre de forma ética, sustentável, em total respeito pelos valores ambientais e culturais de cada destino.

10. Qual é o seu maior sonho por cumprir?

Uma volta ao mundo em família.

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Ruthia Portelinha
Ruthia Portelinha

Viajante, mãe babada, chocólatra, amante de livros e museus.
Autora do blog O Berço do Mundo.

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