Nome: Filipa Chatillon
Profissão: Líder de Viagens
Local de residência: Lisboa
Blog: Contos Alfacinhas
1. Porque é que decidiste criar um blog de viagens?
Criei o primeiro blog de viagens em 2009, quando fui para a Argentina fazer voluntariado por três meses. Na altura, servia apenas para ir partilhando com amigos o que estava a viver. Sempre gostei de escrever e pareceu-me o meio mais prático para essa partilha e para me dar um estímulo extra para passar para texto as minhas experiências. Enquanto lá estive, e depois fiquei durante um ano pela América do Sul, fiz um curso online de jornalismo de viagem e comecei a encarar a escrita de forma mais séria. Já em Portugal, em 2014, nas vésperas de me lançar de novo numa viagem de vários meses e já escrevendo para algumas publicações online, decidi criar o Contos Alfacinhas. A ideia continuou a ser partilhar as minhas histórias de viagem e as histórias das pessoas com quem me vou cruzando nelas, e inspirar as pessoas que me leem a olhar com curiosidade para o mundo, mas tentando ter um alcance maior que só os amigos.
2. O que é que podemos encontrar no teu blog?
Narrativa de viagem e sugestões de leituras. O que gosto mesmo de escrever são histórias, por isso não faço roteiros nem listas de lugares a visitar. Claro que, ao contar essas histórias, escrevo sobre os sítios por onde passei e coloco sempre links que passam mais informação prática, por isso a informação acaba por lá estar, mas não me sinto com a “autoridade” para estar a enumerar os “melhores lugares”, quando apenas passei pelos sítios uma vez. Acho que devemos ser responsáveis nessa partilha. Deixo as histórias falarem por si. Como adoro ler, e acho que aprendemos muito nos livros, mesmo de ficção, também partilho os livros que leio que falam sobre ou se passam nos destinos por onde vou passando.
3. Tens preferência especial por algum dos teus posts? Porquê?
A escolher algum (o que é difícil), escolho três. O As Gravuras Rupestres do Côa e o Poder da Cidadania, porque acho que combina muito bem a narrativa de viagem com informação prática e porque fala de uma zona de Portugal e de uma luta histórica pelo património que me impactaram muito e que acho que toda a gente devia conhecer. Os Regresso à Reserva da Faia Brava e O Amor e os Burros porque chamam a atenção para projectos de conservação da natureza e sustentabilidade que podemos apoiar quer através do voluntariado (como eu fiz e narro nesses textos) quer através das nossas visitas aos lugares. Juntam assim dois temas que me são muito caros, as viagens e o impacto positivo que estas podem (e devem) ter. E mostram que não é preciso ir muito longe para ter este tipo de experiências.
4. Qual é a razão principal que te leva a viajar?
Curiosidade e o sentimento de que sou a melhor versão de mim quando me dou à exploração.
5. Qual foi a viagem que mais te marcou até hoje? Porquê?
A viagem com voluntariado à Argentina (e à América do Sul), em 2010. Ia por três meses, fiquei quase um ano e foi a viagem que me fez mudar de vida e, mais tarde, dedicar-me às viagens a tempo inteiro.
6. Já tiveste alguma má experiência em viagem?
Felizmente, não. Apanhei um terramoto no Equador em 2016, passei uma tarde na esquadra na Índia em 2015 enquanto conduzia por lá e ia ficando presa no Nepal em 2020. Já tive de encarar muitas mudanças de planos de transportes repentinas, alojamentos manhosos, pessoas menos simpáticas e aquela solidão própria de quem viaja sozinha. Mas, como correu sempre tudo bem no final e os percalços fazem parte da vida, não só das viagens, o que ficam são aprendizagens e boas histórias para contar. Não as vejo como más experiências.
7. O que é que sentes quando voltas a casa depois de uma viagem?
Isto tem variado muito ao longo dos anos. Agora sinto a felicidade do conforto e do retorno a quem mais gosto. Estou sempre a alternar entre a vontade de partir e a felicidade de voltar.
8. Excluindo Portugal, qual é o lugar onde mais gostarias de viver?
Não sei. Gosto muito de viver em Portugal.
9. Qual é o papel que achas que os blogs desempenham para outras pessoas que gostam de viajar?
Acho que depende muito das pessoas que os leem, e dos blogs. Acho que a maioria, infelizmente, serve apenas como fornecedor de dicas e informação prática, que muitas vezes se repete de uns para os outros. Também há quem vá buscar inspiração e quem goste apenas de ler sobre destinos ou sobre histórias de viagem. Acho que devíamos todos, bloggers, tentar espicaçar mais a curiosidade dos nossos leitores e tentar transmitir-lhes mais responsabilidade na maneira como preparam e realizam as suas viagens. Também acho que devíamos reflectir mais sobre o impacto que as nossas escolhas e aquilo que partilhamos têm nos lugares que visitamos.
10. Qual é o teu maior sonho de viagem ainda por cumprir?
Quero muito visitar todos os projetos de Rewilding espalhados pelo mundo.