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A DICOTOMIA INERENTE À EXPLORAÇÃO DE DESTINOS MENOS COMERCIAIS

13 Jan 2021 Por intrepidjumpers

Quantas vezes te sentiste aborrecido quando chegaste a um destino e não tens espaço para estender a tua toalha na praia?

Quantas vezes te apeteceu ir embora mais cedo de um sítio porque as ruas estão cheias de pessoas que não são locais?

Quantas vezes sentiste que o sítio perdeu a sua traça porque os locais foram “absorvidos” pelos turistas?

Não ficarias triste se fosses ao Brasil e só ouvisses Britney Spears a tocar em todo lado, em vez de Bossa Nova?

Não te custaria fazer uma viagem tão longa (e por vezes tão cara), por exemplo, para o Japão e em vez de comeres sushi só houvesse hamburgueres ou pizzas para comer?

E se chegasses à Antártida e estivesse a abarrotar de turistas, de Macdonalds, Pizza Huts ou, pior ainda, de arranha-céus?

Um país alimenta-se do turismo, é certo. Ele é uma parte significativa do produto interno bruto de um país. Se retirarmos este fator na economia de muitos países, os mesmos sofreriam radicalmente com isso. No entanto, onde encontramos o ponto de equilíbrio entre um país que se alimenta de forma equilibrada do turismo e o país que sofre de turismo mórbido? Onde é que se traça a linha e se diz basta de turismo?

Desvantagens e consequências de um país com excesso de turismo

Turismo em excesso torna tudo igual. Quantas vezes já deste por ti a dizer “Isto é parecido com Itália!” ou “Isto faz lembrar o México!”. A essência do genuíno e diferente perde-se com as cópias, com os hotéis de luxo que são estereotipados e copiados com um extra pelo hotel seguinte a ser construído.

Já reparaste que em todos estes hotéis servem comida italiana? Talvez por ser aquela que é mais consensual e que todos nós gostamos, é oferta geral dos destinos com muito turismo.

Até os souvenires costumam ser idênticos… colares de conchas, imanes, porta-chaves, miniaturas da atração mais conhecida do destino, as chávenas de café ou as clássicas t-shirts do “I went to Palma de Maiorca and all I got was this t-shirt” ou o tradicional “I love NY”.

As ruas estão cheias, não consegues tirar uma foto sem que apareçam pessoas nela, nos restaurantes não há vagas, encontras armadilhas para turistas por todo o lado e sentes que não tens sossego, chamando-se a isto de “poluição humana” ou “barulho visual”. Os locais deixam de frequentar alguns espaços que eram mais reservados e mais especiais e gera-se um mau estar entre a comunidade (por exemplo Veneza ou Palma de Maiorca onde já se manifestaram para terminar com esta vaga). O barulho é mais abundante e certas áreas deixam de ser residenciais devido a festas e noitadas. O destino perde a sua traça, quase todos falam inglês, as músicas universalizaram os lugares, o genuíno deu lugar ao chique e o cliché roubou a singularidade.

Lembramo-nos de chegar a Tóquio e irmos jantar a um restaurante onde nos serviram um prato de polvo e quando olhamos para ele parecia estar em movimento. O calor fazia com que as lascas de bonito seco se mexessem causando a ilusão de estar vivo. Chegamos a esfregar os olhos por acharmos que estávamos a alucinar… Agora no Porto, com o boom de restaurante japoneses, esta sensação que tivemos do outro lado do mundo, já a temos à porta de casa. Comentamos um com o outro que se tivéssemos ido só agora ao Japão já não íamos ter a mesma experiência, tão genuína e diferente de tudo o que já conhecíamos.

Nem todas as pessoas se preocupam com o ambiente, com o barulho, com o lixo ou com os outros em geral. Quantas mais pessoas afluírem a um destino, maior é a probabilidade de pessoas mal informadas entrem no país, que desrespeitem as regras locais e produzam mais lixo. É claro que não podemos julgar todas as pessoas da mesma forma e o melhor método é a informação gratuita. E se todos nós fizermos a nossa parte, o mundo torna-se um mundo melhor. Se cada pessoa apanhar o seu próprio lixo (e ainda apanhar o dos outros), se todos nós nos esforçarmos por não sobrecarregar de barulho uma zona residencial, se cuidarmos uns dos outros de forma responsável, cívica e formos socialmente estáveis, conseguimos que o mundo seja um sítio melhor para se viver.

A Organização Mundial do Turismo explica o conceito de “Overtourism” como “O impacto do turismo num destino, ou em partes dele, que influencia excessivamente de maneira negativa a percepção de qualidade de vida dos cidadãos e/ou a qualidade das experiências dos visitantes”.

A importância e vantagens de visitar destinos menos comerciais

Por outro lado, existem destinos cujo turismo é pouco importante ou insignificante para o país. Destinos como algumas ilhas no pacífico sul, alguns destinos em África, países na Ásia Central e um ou outro na Améria do Sul, que recebem poucos turistas durante o ano.

Esses destinos são normalmente os mais caros e difíceis de chegar. São os países que os viajantes mais puritanos e aqueles que buscam a aventura na sua essência, procuram. As condições são piores, mas o que têm para oferecer é na esmagadora maioria das vezes muito superior ao main stream, mas permanecem desconhecidos, ou não há estruturas hoteleiras de apoio que permitam chegar ao standard de preço e qualidade do viajante de pacote.

Destinos com climas agrestes, destinos com instabilidade política, destinos onde a pobreza é alta.

Concordamos em publicitar no nosso blog sobre estes sítios? Porque não? Não podemos trabalhar todos para a mesma faixa de mercado.

Nós procuramos esses destinos pela sua ingenuidade e inocência, onde muitos deles não sabem o que é um turista. Nós viajamos para destinos onde o conceito dos hoteis de massa não encaixa. O standard por eles criado não se aplica nestes destinos, mas sim um conceito de sustentabilidade, de apoio e respeito pela natureza. Por isso, o nosso público não é o viajante do “tudo incluído”, é o viajante de mochila às costas, de chinelo no dedo que viaja com o mínimo e ainda assim chega ao final do mês e não usou metade da roupa que trouxe.

Assim, neste caso, a comunicação e publicidade que fazemos a estes destinos, afasta imediatamente a maior parte das pessoas por não se verem nesses sítios e por quererem algo mais confortável. Por isso, acreditamos ser positivo para a economia local, porque vamos aumentar a visita visto que o nosso público não vai estragar o destino, primeiro por serem poucos e por serem mais conscientes dos problemas actuais. Mesmo que 1% dos nossos seguidores visite o destino que promovemos, está automaticamente formatado para o turismo sustentado, um turista que não se importa de ficar em sítios que não obedeçam aos ideias do viajante comum.

Além disso, a interação com as pessoas é verdadeira e o viajante não é visto como um “naco de filet mignon” pronto para ser devorado e explorado até ao tutano, mas sim brindado com a curiosidade dos locais sem pedirem nada em troca, algo cada vez mais raro.

O que fazer para evitar o turismo de massas?

Muitas vezes nos questionamos sobre este assunto. No entanto, por exemplo, a Coreia do Norte (claro está, por outros motivos) limita a entrada de turistas até um determinado número por cada viagem. Outros países, limitam a entrada por ano. Outros, como as Galápagos ou Raja Ampat (Indonésia), exigem um pagamento de uma taxa para preservar Reservas Naturais, etc. Esta é uma excelente forma de reduzir o turismo, mantendo um número controlado de visitantes.

Outra forma é não ceder às pressões do turismo, às pressões do crescimento que isso exige. Nos Açores, na Ilha de São Jorge, mais propriamente na Fajã de Santo Cristo, não havia eletricidade até agora. Estão neste momento a passar os cabos. Isso vai facilitar os negócios existentes na Fajã, mas retira a magia e essência do lugar, mas mantiveram o acesso exclusivo a pé ou de moto-quatro.  Por outro lado, o facto de não haver eletricidade afasta os turistas que se sentem mais confortáveis a viajar com outro conforto.

É importante também que os destinos mantenham a sua cultura, as suas tradições e mantenham-se fiéis ao purismo inerente do lugar. Não esperamos que na Ilha de Tanna, em Vanuatu, onde há um vulcão em erupção constante, hajam grandes cadeias de hotéis, centros comerciais e restaurantes. É essencial que Tanna se mantenha virgem, se esquive das massas. Seria horrível estar na boca do vulcão e não termos espaço para podermos tirar uma foto, ao estilo do Taj Mahal ou da Torre Eiffel. O facto de termos dormido numa casa da árvore, com as condições mínimas e essenciais, ajuda a que este destino não se torne num destino acessível a todos.

Desafio

Agora vamos fazer um exercício mental. Imagina-te numa praia de areia branca, água azul, sentado na areia à sombra de uma palmeira. Agora imagina que a única coisa que ouves é o som das ondas na areia, os pássaros a cantar e o vento a passar pelas folhas das árvores. Consegues imaginar? Então agora imagina que tens essa praia inteira só para ti, não há ninguém à vista, apenas tu, o mar, o céu, os pássaros e as árvores. Existe sítio melhor para se estar ou para relaxar? Numa espécie de zen tv, não precisas de te esforçar por adormecer e cair num manto branco de nuvens fofas. Já lá estás. Não ouves ninguém a falar, ninguém a vender comida na praia, ninguém a jogar à bola… estás tu e tu mesmo com esta vista fabulosa, numa praia que não foi “penteada”, não foi limpa e ainda há folhas e cascas de árvores aqui e acolá.

Quando te cruzas com alguém, é alguém local, que por vezes não sabe falar inglês mas dá o seu melhor para comunicar, é extremamente simpático e ainda te oferece para visitares a sua casa e almoçares com a família, free of charge.

Não há supermercados, não há Zaras ou Ikeas, não há restaurantes de sushi chiques ou uma pasta alfredo confecionada pelo “chef world knowned”. Não há shopping, farmácias com todos os medicamentos disponíveis (tens de levar de casa contigo), hospitais com profissionais e equipamento de última geração, para isso tens de andar de avião até ao sítio mais perto. Escolas são em barracões e as crianças são felizes e brincam umas com as outras e com uma bola feita de folhas em vez de play stations e segas. Ao fim de semana, as famílias conversam no alpendre de casa, vão até à praia, fazem grandes churrascadas, na qual tu és muitas vezes o convidado de honra, riem-se de não conseguirem comunicar e uns dos outros. E está tudo “na paz do senhor”! Os problemas ficam noutro lado. Para nós ficam do outro lado do oceano (e muitas vezes, do mundo). Mas consegues respirar fundo e sentir a pressão a afastar-se dos teus ombros.

Mas há natureza. Nua e crua. Há vulcões em erupção. Há flores lindas que nascem sem medo nem barreiras. Há surf, snorkel e mergulho em regime de exclusividade, onde só tu a natureza interagem, sem distrações. Há sorrisos genuínos de pessoas que te cumprimentam sempre, mesmo sem te conhecer. Há animais diferentes, que por vezes nunca ouviste falar e que muitas vezes, nunca tinhas visto antes. E estes animais não te receiam, vêm ter contigo para explorarem e verem o que tu és. Há experiências que levas para sempre no teu coração, que vais partilhar com quem te deixar falar e que vais guardar como um tesouro valioso.

Filipa e Diogo Frias – Intrepid Jumpers

Saiba mais sobre: Conteúdo Tópicos relacionados: destinos menos comerciais Exploradores Turismo sustentável Viagens intrépidas

Sobre intrepidjumpers

Representamos uma geração que regularmente interrompe a sua vida real, para perseguir o seu sonho de aproveitar o que este Mundo tem de melhor: natureza, cultura local e amor.
Para isso, saltamos de destino em destino, após uma planificação meticulosa, que nos permite tirar partido do melhor que o destino tem para oferecer, num curto período de tempo. Entre uma paisagem, o mundo subaquático, uma tribo ou até um festival, a vida gira à volta de novas sensações, experiências e tentamos sempre intercalar isso com o nosso dia a dia desde 2007.
Viajamos de forma independente e evitamos os percursos turísticos e, sempre que possível, tentamos criar novas e intrépidas rotas de viagem.
Este site quer ser um diário de viagem genuíno, onde mostramos o nosso ponto de vista, as nossas aventuras, as ligações que criamos com os locais, saindo da nossa zona de conforto e assimilando o máximo que o destino tem para oferecer.
Como um casal, tentamos absorver tudo sobre o povo, a cultura e a natureza, ultrapassamos os obstáculos da melhor maneira possível nas diferentes situações, escapamos aos turistas, aventuramo-nos no desconhecido, lutamos contra ideias pré-concebidas e tentamos contar a nossa história, mostrando o nosso ponto de vista.
Este é o nosso diário de viagem pessoal, onde permitimos ao leitor juntar-se a nós nas nossas aventuras, ou apenas fazer questões e tirar dúvidas para a sua própria viagem.

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